sábado, 11 de julho de 2009

humanidade de assis 2

Um outro encontro urbano entre realidades cada vez mais distantes, semáforo encarnado e o olho do filho que tudo vê, descobre na fauna do asfalto a espécime mutiladus mendicantis, um pé torto mal-nascido lhe habilita:

Uma esmola, que deus lhe abençoe! Desculpe amigo mas agora não tenho... (questo é vero)

O filho olha a cena e comenta:

Pai, o que ele tem no pé? Filho, ele nasceu assim com os pés deformados e não pode andar direito, por isso pede no sinal.

Momento de reflexão, neurônios bem pequenos trabalhando e um tanto de humanidade latindo pra sair, e veio em forma de sentença que se anunciou bruta:

Ufa pai, ahh, ainda bem que eu nasci direito!

Padre Chagas nos ensinou idéias enternecedoras, que não fazemos valer em sã consciência a miséria alheia, e tão humano quanto negar a todo instante a invalidez dessa máxima é, para além disso, sentirmo-nos extremamente aliviados ao sermos poupados das injúrias genéticas e acidentais da vida. O caráter estatístico (e aleatório) da vida parece perceptível aos poucos que não buscam as explicações mais fáceis (e metafísicas) para o que muitas vezes é o simples acaso...

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